CÓD.N05-S03-19 ONLINE

Ensino e produção de material didático em contextos indígenas: o lugar da variação linguística

O presente trabalho toma como objeto de reflexão o lugar da variação linguística em comunidades indígenas em contextos de elaboração de material didático para o ensino de língua nas escolas. Tem como objetivo o de colaborar com questões surgidas entre os indígenas frente à percepção de variação linguística na comunidade.  Toma como base observações realizadas junto ao povo indígena Tembé da aldeia Tekohaw, localizada no estado do Pará, na região de fronteira entre o Pará e o Maranhão. Esses indígenas têm experimentado extrema situação de contato e consequente bilinguismo, com visíveis alterações estruturais na língua materna indígena. A língua Tembé sobrevive na condição de língua ameaçada sob o avanço e supremacia do português. A situação de bilinguismo dos índios é marcada, entre tantos aspectos, por dois principais, focos deste trabalho: de um lado, a variedade de língua indígena Tembé falada pelos mais velhos com certas realizações diferentes da variedade falada pelos mais jovens; de outro lado, esses indígenas aprendem uma variedade do português com características tanto do português falado no estado do Pará quanto daquele falado no Maranhão.  No centro dessas duas situações, está a questão do ensino das duas línguas e a necessidade de material didático para subsidiar, principalmente, o ensino da língua indígena Tembé. Esse cenário coloca em destaque o lugar da noção de variação linguística para a mediação de qualquer  ação referente ao ensino da língua e à produção de material didático. Para tanto, adota-se como suporte teórico-metodológico deste trabalho, no que respeita ao estudo das línguas indígenas, principalmente, os estudos de Rodrigues (1984/1985; 1986) sobre as línguas do Tronco Tupí e a classificação das línguas desse tronco conforme proposta por esse autor, bem como os estudos de Cabral (2000; 2003; 2007) sobre as línguas indígenas da família Tupí-Guarani; quanto à língua Tembé, especificamente,  consideram-se os trabalhos de Boudin (1966; 1978), os de Duarte (1997), Eiró (2001), Carvalho (2001), Silva (2010); quanto à história e cultura dos Tembé, as obras de Wagley e Galvão (1995) e Gomes (2002) trazem uma importante contribuição; no que toca à experiência mais específica com a educação e produção de material didático em língua indígena, recorre-se à Monserrat (2001, 2006) e Maia (2006), entre outros. No que concerne à questão da variação linguística, são adotados os princípios advindos da Sociolinguística conforme Wenreich (1970) Wenreich, Labov e Herzog (2006), Calvet (2002), bem como da Sociolinguística Educacional por meio dos estudos de Bortoni-Ricardo (2004, 205), Faraco (2008, 2015) e Ciranka (2016) etc. O estudo parte de um abordagem qualitativa, com dados obtidos em pesquisa bibliográfica e de campo, por meio de observação participante sob o uso de técnicas de entrevista, gravação de narrativas orais e uso de diário de campo. Os resultados deste estudo argumentam para o fato de que, levar em consideração a noção de variação linguística, no contexto observado, requer um lugar de discussão que transborde o âmbito das preocupações com a produção de material didático e com o ensino.

Palabras clave

Contextos indígenas Ensino Material didático Povo Tembé Variação Linguística

Ponencia Online

Documentación de apoyo a la presentación ONLINE de la ponencia

Ver el video en youtube


Firmantes

Los autores de la ponencia

profile avatar

Tabita Fernandes da Silva Tabita

Ver Perfil


Preguntas y comentarios al autor/es

Hay 2 comentarios en esta ponencia

    • profile avatar

      María Ángeles Gallego

      Comentó el 12/12/2020 a las 20:55:34

      Estimada Tabita:
      Me ha parecido una propuesta muy interesante.
      Según la explicación que nos ofrece, para este estudio han establecido diálogos con los miembros de una comunidad indígena situada en la frontera entre dos estados diferentes (dentro del propio Brasil) para saber cuál es su propia percepción sobre la variación lingüística. Los hablantes de esta comunidad son bilingües, puesto que hablan la lengua mayoritaria, el portugués, y la lengua indígena, el tembé -familia lingüística tupí-guaraní-. Además, esta comunidad, a pesar del continuo contacto desde la colonización, han demostrado su resistencia para preservar sus costumbres culturales y su lengua.
      Me gustaría saber cómo ha influido esta situación de contacto en la evolución del tembé, y si ha habido cambios en la lengua autóctona relacionados con el bilingüismo de sus hablantes. Por otro lado, en este contexto, que podríamos definir como diglósico, ¿cuál de las dos lenguas sería considerada por esta comunidad indígena como variedad alta -lengua de cultura-?.
      Gracias por adelantado. Saludos cordiales.

      Responder

    • profile avatar

      AHMED SALEM OULD MOHAMED BABA

      Comentó el 12/12/2020 a las 20:26:25

      Muchas gracias por esta interesante ponencia. El trabajo lingüístico sobre grupos indígenas me parece muy útil porque llama la atención sobre comunidades lingüísticas generalmente aisladas y cuya lengua es desconocida para la mayoría de los habitantes del país y, por consiguiente, para el resto del mundo. Es necesario que los lingüistas, sociolingüistas, etno-lingüistas tomen conciencia de la necesidad de llevar a cabo trabajos de este tipo para salvar estas lenguas y las culturas de las que son portadoras.

      Responder


Deja tu comentario

Lo siento, debes estar conectado para publicar un comentario.